Normalmente quem ouve pessoas de classes mais simples trocarem planta por p
ranta, chiclete por chicrete, logo os julga como caipiras ou incultos. O que poucos sabem, é que trocar o “L” pelo “R” é um fenômeno chamado Rotacismo. Inclusive, em alguns trechos de “Os Lusíadas”, obra clássica, de Luís de Camões, entre outros exemplos, encontramos: “E não de agreste avena, ou frauta ruda” (canto I, verso 5). Lendo parte de uma obra tão aclamada, chamaríamos Camões de inculto?
ranta, chiclete por chicrete, logo os julga como caipiras ou incultos. O que poucos sabem, é que trocar o “L” pelo “R” é um fenômeno chamado Rotacismo. Inclusive, em alguns trechos de “Os Lusíadas”, obra clássica, de Luís de Camões, entre outros exemplos, encontramos: “E não de agreste avena, ou frauta ruda” (canto I, verso 5). Lendo parte de uma obra tão aclamada, chamaríamos Camões de inculto?De acordo com o escritor e professor universitário Marcos Bagno, em seu livro “A língua de Eulália”, depois que legiões romanas conquistavam um território, este recebia o nome de província, para onde eram enviados muitos cidadãos romanos, como pequenos soldados, agricultores e artesãos. Gente simples que não falava o latim clássico da alta sociedade, e sim, um latim descomplicado, flexível e prático, que recebeu o nome delatim vulgar. Foi esse, que os habitantes originais das terras conquistadas aprenderam, afinal, o contato com a língua clássica era raro. E a partir das lentas transformações do latim vulgar surgiram dez línguas chamadas de românicas, entre elas o italiano, o francês, o espanhol e o português.

Assim como o latim, o português também tem suas variações.Norma-padrão é um modelo ideal que deve ser usado pelas autoridades, pelos órgãos oficiais, pelas pessoas cultas, pelos escritores e jornalistas e é aquele que deve ser ensinado e aprendido na escola. Já o português não-padrão é transmitido de geração para geração. É um patrimônio lingüístico que é compartilhado no convívio com a família, amigos e com pessoas da mesma classe social.
Para demonstrar que o Português não-padrão é diferente e não errado, Marcos Bagno dá o exemplo da história de palavras como: igreja, Brás, praia, frouxo e escravo. Onde havia um “L”, que se conservou em francês e em espanhol, transformou-se ao longo dos anos em “R”:
Para a fisio
terapeuta Luana Fontes, era um pesadelo ouvir sua mãe falar palavras comobroco e grobo. Hoje, entende que a mãe, por não ter freqüentado a escola aprendeu o português falado pelos seus pais. “Se passo uma semana na casa do meu avô, falo da mesma forma. Não tenho mais preconceito com a minha mãe, é uma herança difícil de mudar”, Diz Luana. “Para mim, já é uma grande vitória ela ter aprendido a falar Mc Donalds, ao invés de Mac Donalds”, completa.
terapeuta Luana Fontes, era um pesadelo ouvir sua mãe falar palavras comobroco e grobo. Hoje, entende que a mãe, por não ter freqüentado a escola aprendeu o português falado pelos seus pais. “Se passo uma semana na casa do meu avô, falo da mesma forma. Não tenho mais preconceito com a minha mãe, é uma herança difícil de mudar”, Diz Luana. “Para mim, já é uma grande vitória ela ter aprendido a falar Mc Donalds, ao invés de Mac Donalds”, completa.Marcos Bagno afirma que, tendo conhecimento das diferenças que existem entre as duas variedades de português, talvez pudéssemos perceber melhor as dificuldades de um aluno que tem de aprender a variedade padrão. “Se todos compreendessem que o português não-padrão é uma língua como qualquer outra, com regras coerentes com uma lógica lingüística perfeitamente demonstrável, talvez fosse possível abandonar os preconceitos”, diz Bagno.

Nenhum comentário:
Postar um comentário